
No início do ano, publicamos nossas projeções para a economia brasileira e os impactos que esse cenário causaria nos investimentos. As notícias não eram animadoras: expectativa de inflação alta, dólar disparando, dificuldades nas contas públicas e incertezas vindas dos Estados Unidos, com o novo governo ameaçando dificultar o comércio com países como o Brasil.
De lá para cá, será que a situação continua a mesma? Confira nossos insights e entenda como esses movimentos podem impactar seus investimentos e seus planos pessoais e profissionais, além de conferir dicas práticas para tomar as melhores decisões daqui pra frente.
O cenário econômico para 2025 era sombrio
No momento da construção das projeções, era estimado que o dólar fosse terminar 2024 em torno de R$ 6,15 e subisse ainda mais em 2025. Naquele período, Donald Trump ameaçava os BRICS com tarifas adicionais, caso avançassem com o plano de independência do dólar no comércio global.
A divisa norte-americana terminaria o ano em R$ 6,41 — valor mais alto que o esperado — enquanto as projeções para o resultado fiscal e a inflação continuavam a se deteriorar.
A previsão para a dívida pública era encerrar 2024 em 78,2% do PIB e, para 2025, em 82,1%. A inflação projetada no horizonte de 12 meses, segundo o Boletim Focus, era de 4,97%, com pico de 5,95% em março.
Com tudo isso, a expectativa era de um crescimento baixo da economia (um pouco mais de 2% em 2025).
O cenário projetado para a economia brasileira continua o mesmo?
Desde então, a maior eficiência na arrecadação do governo fez com que o endividamento público em 2024 terminasse abaixo do esperado (76,5% contra os 78,2% projetados), o que forçou a revisão para 2025 de 82,1% para 80% do PIB. Ou seja, entrou mais dinheiro nos cofres públicos. Com isso, a dívida do Brasil, que era uma grande preocupação, ficou um pouco mais controlada.
Outro fator importante foi a entrada de investidores estrangeiros no Brasil. Por conta de incertezas nos Estados Unidos, muita gente preferiu colocar dinheiro em países emergentes como o nosso. Esse movimento também levou à revisão da projeção cambial para 2025, agora em R$ 5,70, bem abaixo dos R$ 6,05 previstos no início do ano.
A valorização do real contribuiu para a revisão da inflação, que, somada à melhora fiscal, está projetada em 4,76% para os próximos 12 meses.
A melhora nas expectativas inflacionárias, a revisão positiva da dívida pública e a valorização do real melhoraram substancialmente o cenário projetado para o PIB, cuja estimativa de crescimento para 2025 subiu de 2,01% para 2,18%.
Em resumo:
- O governo conseguiu arrecadar mais dinheiro do que o previsto (o que ajuda a controlar a dívida).
- O dólar começou a cair, ficando abaixo de R$ 5,70, bem melhor do que a previsão inicial.
- A inflação também deu sinais de melhora, com projeções mais baixas para os próximos meses.
- Essa combinação de fatores propõe uma expectativa de crescimento da economia brasileira em 2025.
Projeções para a Selic e impactos no mercado financeiro
A projeção para os juros, feita no início do ano, mudou pouco até o momento — embora essa estabilidade não tenha sido constante ao longo do tempo. Durante o ano, por causa da guerra comercial entre os Estados Unidos e os países do BRICS, chegou-se a falar que os juros poderiam subir para mais de 15% ao ano.
Mas, por enquanto, o cenário econômico mais provável é de instabilidade: até essa data, aSelic está em 15%. Isso é um pouco acima da expectativa inicial, que era de queda para 14,50% até dezembro.
Assim, os impactos nos investimentos passam a ser sentidos especialmente quando olhamos para 2026, com um cenário indicando juros mais baixos que os níveis atuais. Projetamos uma queda para patamares próximos de 13% ao ano em 2026, o que favorece a economia por meio de crédito mais barato e maior impulso ao crescimento. A bolsa brasileira tem se beneficiado do fluxo estrangeiro e pode continuar crescendo com o aumento do fluxo interno, estimulado pela queda de juros no próximo ano.
No entanto, os riscos de uma intensificação da guerra comercial e seus possíveis impactos na economia brasileira seguem no radar. Por isso, mais do que nunca, é importante contar com o apoio de profissionais especializados, diversificar seus investimentos e acompanhar de perto as movimentações do mercado.
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Como esse cenário pode te afetar na prática?
Perfil Conservador: para investidores conservadores, o cenário atual de juros elevados e inflação controlada continua favorecendo aplicações em renda fixa pós-fixada, como RDC,s, LCAs e Tesouro Selic.
Há também boas oportunidades em títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA+) com vencimentos intermediários, que oferecem segurança e preservam o poder de compra.
Fundos de crédito privado conservadores podem complementar a carteira com retornos adicionais, desde que com boa qualidade de crédito.
Perfil Moderado: para o perfil moderado, a perspectiva de queda de juros abre espaço para ampliar a exposição em fundos multimercados, que podem capturar ganhos em diferentes cenários, com risco controlado.
Ainda vale manter uma base sólida em renda fixa diversificada (pós-fixada e IPCA+), mas já é o momento de avaliar a entrada em renda variável nacional, especialmente em empresas com bons fundamentos e setores defensivos.
Perfil Arrojado
O investidor arrojado encontra boas oportunidades na renda variável brasileira, especialmente em empresas que se beneficiam da queda de juros e do fortalecimento do real, como consumo interno, construção civil e utilities.
O ambiente também favorece a alocação em ações, fundos imobiliários, ETFs setoriais e fundos multimercado com estratégias mais agressivas.
Na renda fixa, títulos prefixados de longo prazo ou IPCA+ com taxas elevadas ainda oferecem excelente relação risco-retorno neste ponto do ciclo.Vale manter alguma exposição internacional seletiva, com foco em proteção contra riscos geopolíticos e diversificação cambial.
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Escrito por: Carlos Magno Chareta, Analista de investimentos Sr. na Unicred.