Inflação cede lá fora, o PIB avança por aqui. Mas, incertezas fiscais e políticas ainda exigem atenção.

A última semana foi marcada por uma combinação de boas notícias econômicas e novas fontes de instabilidade — tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Em um ambiente ainda permeado por incertezas fiscais e geopolíticas, os dados recentes sugerem um crescimento econômico resiliente e sinais de alívio inflacionário. Mas os desafios permanecem no radar.

Contexto Internacional: Entre a esperança monetária e tensões comerciais

Nos Estados Unidos, os mercados receberam com otimismo o dado do PCE, a principal métrica inflacionária monitorada pelo Federal Reserve, que avançou apenas 2,1% em abril — o menor nível desde 2021. A leitura reforçou a expectativa de corte de juros ainda em 2025, especialmente após a revisão do PIB do 1º trimestre para uma leve retração de 0,2%.

Por outro lado, o ambiente comercial voltou a esquentar. A Justiça americana decidiu restabelecer temporariamente tarifas sobre produtos chineses, reacendendo as tensões entre as duas maiores economias do mundo. Em resposta, o ex-presidente Donald Trump acusou publicamente a China de romper acordos comerciais — o que interrompeu a breve trégua no comércio internacional.

Apesar desse cenário, os mercados acionários globais tiveram desempenho positivo, impulsionados por resultados corporativos fortes, como os da Nvidia, e pelo avanço do petróleo diante da ameaça de novas sanções à Rússia.

Brasil: Crescimento consistente, inflação sob controle e pressão fiscal

No cenário doméstico, os indicadores econômicos reforçam uma trajetória de crescimento com controle inflacionário. O PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4%, impulsionado sobretudo pelo agronegócio, que teve sua melhor performance em dois anos. O dado veio em linha com as expectativas e mostra resiliência, ainda que uma desaceleração seja esperada nos próximos meses, dada a política monetária ainda restritiva.

A inflação também trouxe boas notícias: o IPCA-15 de maio ficou abaixo das projeções, e a taxa de desemprego recuou para 6,6%, o menor patamar desde 2012 para o período. O resultado do mercado de trabalho surpreendeu positivamente, com destaque para o setor de serviços.

Porém, o ambiente político-fiscal segue gerando ruído. A proposta do governo de aumentar o IOF encontra resistência no Congresso e pode impactar a agenda econômica. Diante do impasse, o Ministério da Fazenda avalia medidas como o contingenciamento de emendas parlamentares ou até mesmo a judicialização do tema.

O que observar nos próximos dias?

A agenda da semana será intensa, com destaque para:

1. Discursos de dirigentes do Fed, além de dados de emprego e atividade nos EUA;

2. Indicadores de inflação, PIB e decisão de juros na Zona do Euro;

3. PMIs na China e Japão, que podem sinalizar os próximos passos da recuperação asiática.

Navegue pelo índice