Inflação recua no Brasil e nos EUA, mas tensão entre EUA e China volta ao radar.

A primeira semana de junho trouxe alívio na inflação brasileira, mas também reacendeu preocupações sobre o risco fiscal. No cenário internacional, a tensão entre Estados Unidos e China voltou a escalar, enquanto dados econômicos em grandes economias lançam dúvidas sobre o ritmo de crescimento global.

A seguir, um resumo do que movimentou os mercados e daquilo que merece atenção nos próximos dias:

Cenário Internacional: comércio, juros e incertezas

As relações entre Estados Unidos e China voltaram a se deteriorar. Após um breve período de trégua, o governo americano anunciou novas restrições à exportação de tecnologia para a China e revogou vistos de estudantes chineses, alegando violação de acordos comerciais. A China respondeu prometendo retaliações. Esse novo embate elevou a percepção de risco global.

Nos Estados Unidos, os dados de emprego vieram mistos: o relatório ADP mostrou uma criação fraca de vagas (37 mil), enquanto o payroll surpreendeu positivamente, com 139 mil novos empregos. Ainda assim, os números apontam para uma economia mais moderada.

O presidente Donald Trump intensificou críticas ao Federal Reserve, cobrando cortes de juros, enquanto o Banco Central Europeu realizou sua 9ª redução de taxa desde 2024, buscando reanimar uma economia europeia fragilizada.

Na Ásia, a indústria chinesa voltou a encolher após oito meses de expansão, reflexo das tensões comerciais e da desaceleração global. Pequim, por sua vez, sinalizou novos estímulos ao consumo, o que sustentou os preços de commodities como o minério de ferro.

Brasil: inflação dá trégua, mas o fiscal preocupa

O IPCA de maio ficou em 0,26%, abaixo do esperado, o que puxou as projeções de inflação para 2025 para 5,46%. Apesar disso, o Banco Central manteve a Selic projetada em 14,75% ao ano, pela 18ª semana consecutiva, refletindo a cautela diante do cenário fiscal e político.

No front fiscal, a proposta de aumento do IOF enfrentou resistência no Congresso. Em alternativa, o governo passou a apoiar a redução de 10% em benefícios fiscais até 2026 — com exceções para áreas estratégicas como a Zona Franca de Manaus.

Outra frente de arrecadação vem do setor de petróleo e gás: o governo estuda alterações na participação especial e no preço de referência do barril. A intenção é equilibrar o orçamento sem comprometer a atividade econômica.

O mercado, no entanto, reagiu com cautela. A pesquisa Genial/Quaest indicou queda na popularidade do governo federal, o que aumentou temores de medidas populistas. O Ibovespa caiu na semana, pressionado principalmente pelas ações da Petrobras, diante das discussões sobre aumento da carga tributária.

O dólar teve queda de 2%, fechando a R$ 5,59, com entrada de capital estrangeiro e expectativa de manutenção dos juros altos. Já os juros futuros subiram levemente, refletindo o receio com a trajetória fiscal.

Conclusão: atenção redobrada ao fiscal

A semana foi marcada por alta volatilidade global, reforçando a importância de cautela na tomada de decisões de investimento. O avanço da desinflação no Brasil é um ponto positivo, mas as incertezas fiscais seguem no radar, e podem adiar movimentos mais ousados na política monetária.

Para o investidor, o momento pede diversificação e foco em ativos defensivos, como os atrelados ao CDI e à inflação. No exterior, a atenção deve seguir voltada às decisões de juros e ao desdobramento das tensões entre EUA e China.

Na agenda desta semana:

  • IPCA (Brasil)

  • CPI (EUA)

  • PIB (Reino Unido)

  • Volume de Serviços (Brasil)
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