A Segunda Derivada: Como enxergar além do impacto e capturar valor nas entrelinhas do ciclo

Brasil – Choque tarifário e dinâmica doméstica

O “tarifaço” anunciado pelos EUA em julho gerou reação imediata nos mercados: até 8/7, o Ibovespa acumulava +15,81% no ano e o dólar recuava -11,88%. Após o anúncio, o Ibovespa caiu -4,17% e o dólar subiu +3,15%, negociando a média de R$ 5,52 — cerca de R$ 0,10 acima do projetado sem choque tarifário (+2%). O impacto estimado é limitado e transitório, com redução de 0,3% a 0,5% no PIB 2025 e efeito marginal na inflação, devido à baixa abertura comercial do Brasil.

A atividade mostra sinais de desaceleração: o IBC-Br de maio recuou -0,74% (primeira queda desde dez/24) e os índices de confiança caíram em todos os setores (comércio, indústria, construção e serviços). O mercado de trabalho segue aquecido, com desemprego de 5,8% (mínima histórica), mas sob o peso da Selic alta.

Na inflação, o IPCA-15 de julho subiu 0,33% (consenso 0,30%), puxado por energia elétrica (+3,01%), enquanto alimentos no domicílio tiveram deflação (-0,06%). A projeção para 2025 reforça IPCA abaixo de 5%. O Copom manteve a Selic em 15% a.a., sinalizando cortes apenas em 2026, salvo forte desaceleração.

Estados Unidos – Sinais mistos de atividade e inflação

O PIB do 2º trimestre cresceu 3,0% anualizado (vs. 2,5% esperado), mas com moderação no consumo. O mercado de trabalho perdeu força, com criação de 73 mil vagas (vs. 104 mil esperados) e revisões negativas de -258 mil para maio e junho.

Na inflação, o PPI ficou estável (0,0% vs. 0,2% esperado), o CPI cheio avançou 0,3% e o núcleo 0,2% (12 meses: 2,7% e 2,9%). O PCE subiu 0,3% no mês (2,6% a.a.) e o núcleo 0,3% (2,8% a.a.). O Fed manteve juros entre 4,25% e 4,50% e adotou tom mais duro, condicionando cortes a sinais claros de desaceleração da inflação e do mercado de trabalho.

Tese do dólar fraco

Mantemos visão de dólar estruturalmente mais fraco no médio prazo, sustentada por: expectativa de cortes do Fed, diversificação de reservas por bancos centrais, pressões fiscais nos EUA e valuations atrativos em mercados emergentes, especialmente o Brasil.

Implicações para alocação

  • Ações Brasil: assimetria positiva, múltiplos descontados (PL 8–10x), fluxo estrangeiro consistente e gatilho eleitoral. Preferência por setores domésticos mais sensíveis à queda de juros.
  • Ações EUA: viés abaixo do neutro, valuations altos e incerteza sobre a atividade diante da política tarifária.
  • Renda Fixa: maior convicção em IPCA+ (prêmios elevados nas curvas longas); prefixados também atrativos no início de ciclos de corte.
  • Fundos Imobiliários: potencial de valorização de 20% a 27% no IFIX, com spread entre dividend yield e juro real voltando à média histórica.
  • Criptoativos: avanço regulatório nos EUA (GENIUS Act e CLARITY Act) reforça papel do Bitcoin como reserva de valor.

Visão estratégica

A primeira derivada captura o impacto imediato (volatilidade pós-tarifaço, alta do câmbio), enquanto a segunda derivada revela tendências: desaceleração econômica, inflação cedendo, cortes de juros no horizonte e possível moderação política no Brasil. O objetivo é transformar o ruído de curto prazo em oportunidade, posicionando o portfólio para capturar não apenas o próximo movimento, mas todo o ciclo que ele pode inaugurar.

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