
Nesta análise, utilizamos técnicas quantitativas de processamento de linguagem natural para avaliar o sentimento das diferentes seções da Ata do Copom de julho de 2025. A metodologia consistiu na aplicação de um dicionário de sentimentos em português (Oplexicon) ao texto integral da ata, permitindo classificar automaticamente as palavras em positivas, negativas ou neutras. Com isso, foi possível calcular o saldo (“score”) de sentimentos em cada seção, bem como identificar a frequência de termos otimistas e pessimistas ao longo do documento. Essa abordagem objetiva complementa e sustenta a leitura qualitativa tradicional, trazendo transparência e sistematização à avaliação do tom da comunicação do Banco Central.
Resultados Integrados
A análise de sentimento da Ata do Copom referente à reunião de 29 e 30 de julho de 2025 confirma, por meio de métodos quantitativos de processamento de texto, a mensagem central transmitida pelo documento. O tom predominante da ata é de cautela diante do cenário internacional adverso, reconhecendo sinais mistos na economia doméstica, mas com algum grau de confiança sobre o andamento do processo de desaceleração inflacionária e o papel atual da política monetária.
Atualização da conjuntura econômica e do cenário do Copom
Na primeira seção, a análise de sentimento mostrou um equilíbrio entre palavras positivas e negativas, resultando em score neutro. Isso está em sintonia com o texto da ata, que destaca tanto a “moderação no crescimento” da economia — um fator negativo — quanto o “dinamismo do mercado de trabalho” — um aspecto positivo. A menção à inflação e às expectativas acima da meta reforça a presença de desafios, mas sem tom excessivamente alarmista.
Cenários e análise de riscos
Aqui, a análise identificou o maior número de termos negativos em toda a ata, levando a um score negativo. O texto da ata reforça essa leitura, ao enfatizar “maior incerteza no cenário externo”, riscos vindos da política fiscal dos EUA, volatilidade de ativos, e “desancoragem das expectativas de inflação”. O documento detalha diversos fatores que tornam o cenário mais adverso e exige “postura de cautela” por parte do Comitê — mensagem diretamente refletida na polaridade negativa dessa seção.
Discussão sobre a condução da política monetária
A análise quantitativa revelou um score levemente positivo nesta seção, o que condiz com o tom de “observação estratégica” do Copom. O texto destaca que, após forte elevação de juros, a estratégia é pausar e observar os efeitos já acumulados, mantendo os juros em patamar contracionista pelo tempo necessário. A predominância de termos positivos aponta para um ambiente de confiança cuidadosa — o Comitê deixa claro que está atento, mas não antecipa novas altas sem necessidade.
Decisão de política monetária
A última seção, de tom mais objetivo, apresentou o score mais positivo da ata. O Copom reafirma que a decisão de manter a Selic em 15,00% é compatível com o objetivo de convergência da inflação e estabilidade de preços. A ata cita “suavização das flutuações do nível de atividade econômica” e “fomento do pleno emprego” como metas adicionais, transmitindo uma mensagem construtiva. O saldo de termos positivos supera os negativos, alinhando-se à comunicação de estabilidade e confiança na política vigente.
Conclusão
Os resultados quantitativos da análise de sentimento — com scores negativos concentrados na seção de riscos e scores neutros ou positivos nas demais — corroboram a visão expressa pelo Comitê. O Copom reconhece os desafios, especialmente os riscos externos e a incerteza sobre expectativas inflacionárias, mas mantém o entendimento de que a política atual está bem calibrada e que não há urgência para novas mudanças na Selic. O tom geral do documento é de cautela vigilante, mas sem alarde, e com algum grau de confiança de que a estratégia está correta, conforme também indicado em sua decisão de política monetária.
Essa convergência entre análise de sentimento e interpretação qualitativa aumenta a robustez da leitura, fornecendo mais transparência e objetividade para a comunicação de cenários macroeconômicos.
Visão da área econômica da ZIIN
Seguimos projetando que o Copom manterá a Selic inalterada em 15% até o final do ano, iniciando um ciclo modesto de afrouxamento monetário no primeiro trimestre de 2026. O risco, por hora, está na possível antecipação desse ciclo, caso ocorra uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica no segundo semestre de 2025.