
A divulgação de indicadores que reforçam a desaceleração das economias dos Estados Unidos e do Brasil marcou a última semana.
No caso americano, dois dados ganharam destaque: a inflação medida pelo núcleo do PCE e o relatório de emprego da ADP. O núcleo do PCE avançou 0,2% no mês e 2,8% em 12 meses, permanecendo dentro das expectativas e confirmando a trajetória de desinflação, embora ainda acima da meta de 2%.
Já o mercado de trabalho mostrou perda de força mais evidente: o setor privado eliminou 32 mil vagas em novembro segundo a ADP, a maior queda desde março de 2023, com cortes concentrados em pequenas empresas. A combinação de inflação controlada e enfraquecimento do emprego reforça a leitura de que a atividade americana perde tração de forma gradual.
Cenário doméstico
No Brasil, os sinais também apontam para moderação econômica. O PIB do terceiro trimestre cresceu apenas 0,1% na comparação com o trimestre anterior e 1,8% na comparação anual, evidenciando o impacto de juros altos e crédito restrito sobre o consumo e a atividade.
A produção industrial seguiu na mesma direção: em outubro, houve expansão marginal de 0,1% frente a setembro, mas queda de 0,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A fraqueza foi puxada especialmente pelos bens intermediários, que recuaram 0,8%, enquanto segmentos como extrativas, veículos e alimentos ajudaram a evitar uma contração mais profunda.
No conjunto, tanto Estados Unidos quanto Brasil mostram economias perdendo fôlego, cada uma por seus próprios vetores, mas convergindo para um cenário de crescimento mais limitado no curto prazo.
Mercados
No mercado financeiro doméstico, o sentimento foi dominado pelo aumento da incerteza política. O Ibovespa, que chegou a renovar máxima intradia, virou abruptamente após a notícia de que Jair Bolsonaro apoiará Flávio Bolsonaro como candidato do PL à Presidência da República, em 2026. O movimento frustrou parte das expectativas do mercado em torno de uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas.
O índice despencou 4,31% no fechamento, acumulando queda semanal de 1,07% e devolvendo mais de 7 mil pontos em um único pregão, com forte giro financeiro. As blue chips acompanharam o movimento negativo, com forte pressão sobre bancos e recuos relevantes em Petrobras e Vale. Já o dólar reagiu ao aumento do risco político e subiu 2,29% no dia, encerrando a sessão a R$ 5,4318.
Agenda da semana
Para esta semana, o principal evento da agenda econômica é a Super Quarta (10/12), quando Estados Unidos e Brasil divulgam simultaneamente suas decisões de política monetária. O mercado observa atentamente se o Federal Reserve confirmará mais um corte de juros diante da combinação de inflação controlada e enfraquecimento do mercado de trabalho. No Brasil, a atenção recai sobre os sinais do Banco Central a respeito do caminho da taxa Selic após os últimos dados confirmarem a desaceleração da atividade.










