
Brasil – Inflação, Emprego e Política Fiscal
O IPCA-15 registrou deflação de 0,14% em agosto, revertendo a alta de 0,33% em julho e marcando o primeiro resultado negativo desde julho de 2023. Os principais destaques vieram de Habitação (-1,13%), puxada pela queda na energia elétrica residencial (-4,93%) em razão do Bônus Itaipu, e de Alimentação e Bebidas (-0,53%), influenciada pela redução nos preços no domicílio (-1,02%).
No mercado de trabalho, o CAGED apontou a criação de 129.775 vagas formais em julho, abaixo das expectativas. O saldo é o mais fraco no mês desde 2020 e reflete desaceleração em relação ao mesmo período de 2024. Serviços, Comércio e Indústria lideraram a geração de empregos, enquanto São Paulo se destacou entre os estados.
Do lado fiscal, o setor público consolidado registrou em julho déficit primário de R$ 66,6 bilhões, enquanto a dívida bruta alcançou 77,6% do PIB. A proposta orçamentária para 2026 prevê medidas de aumento de arrecadação e cortes em benefícios tributários, mas analistas estimam que, em vez do superávit projetado pelo governo (0,25% do PIB), o país pode encerrar 2026 com déficit próximo de R$ 100 bilhões.
Estados Unidos – Expectativas sobre o Federal Reserve
A segunda revisão do PIB do 2T25 confirmou alta anualizada de 3,3%, acima da prévia (3,0%) e das projeções de mercado (3,1%). O consumo pessoal foi revisado para 1,6%, sinalizando crescimento mais moderado adiante.
No campo da política monetária, os mercados acompanham de perto o payroll de agosto, a ser divulgado nesta sexta-feira. Depois do relatório mais fraco em julho, qualquer sinal de arrefecimento adicional no mercado de trabalho poderá consolidar a expectativa de início de cortes de juros já na reunião do Fed em 17 de setembro. Esse cenário, reforçado pelo discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, tem pressionado o dólar globalmente e favorecido bolsas emergentes.
Quanto à inflação, o PCE de julho subiu 0,3% no mês e 2,9% em 12 meses, com destaque para a retomada dos serviços (+0,4%), especialmente tarifas aéreas e gestão financeira.
Mercados Financeiros
No Brasil, o Ibovespa avançou 6,28% em agosto, alcançando novo recorde histórico de141.422 pontos, em linha com a melhora do ambiente externo e com o rali eleitoral doméstico. O dólar encerrou a semana em leve alta de 0,29%, cotado a R$ 5,42.
Nos EUA, agosto terminou positivo: Dow Jones (+3,2%), S&P 500 (+1,9%) e Nasdaq (+1,6%), impulsionados por resultados corporativos sólidos e pela expectativa de flexibilização monetária.
Cenário Internacional
China: PMIs de manufatura e serviços mostraram recuperação tímida, insuficiente para reverter a desaceleração.
Europa: bolsas abriram setembro em alta, amparadas por dados mais encorajadores na indústria. Argentina: o governo Milei enfrenta turbulências às vésperas das eleições legislativas de outubro, após denúncias que atingiram membros próximos, aumentando a incerteza política.
Tarifas EUA: um tribunal declarou ilegais tarifas impostas por Donald Trump, decisão que pode aumentar disputas comerciais e adicionar volatilidade aos mercados.
Agenda da Semana
Terça-feira (02/09): PIB do Brasil (2T25, anual)
Quarta-feira (03/09): Produção Industrial (Brasil, julho) | Pesquisa JOLTS (EUA, julho)
Quinta-feira (04/09): Relatório ADP de Empregos Privados (EUA, agosto)
Sexta-feira (05/09): Payroll (EUA, agosto)