
A semana foi marcada por uma agenda mais fraca, tanto no cenário doméstico quanto no internacional, com destaque para a entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, a divulgação da ata do Copom, que reforçou uma postura cautelosa na política monetária, dados de emprego que indicam desaceleração e forte movimentação nos mercados em meio à temporada de balanços corporativos.
No cenário externo, as tarifas anunciadas pelo governo norte-americano entraram em vigor, afetando de forma significativa o comércio global. O Brasil foi um dos países mais impactados, alcançando o teto de 50% nas tarifas aplicadas às exportações para o mercado americano. As negociações para mitigar os efeitos seguem limitadas, enquanto o governo brasileiro discute medidas de apoio aos setores exportadores, incluindo mecanismos de proteção ao emprego, linhas de crédito direcionadas e estímulo à demanda interna, ainda sem anúncios oficiais.
No campo da política monetária, a ata do Copom reiterou a avaliação de que a atividade econômica doméstica segue desacelerando conforme o esperado, com o mercado de trabalho ainda resiliente. O Comitê reforçou a necessidade de cautela diante de um ambiente externo mais incerto e de sinais mistos da economia, projetando a manutenção da Selic em 15% até o fim de 2025 e o início de um ciclo gradual de cortes apenas no primeiro trimestre de 2026.
Os dados do CAGED referentes a junho apontaram a criação de 166,6 mil vagas formais, abaixo das expectativas do mercado e da projeção interna. Após ajuste sazonal, o saldo foi de 91 mil vagas, refletindo arrefecimento na geração de empregos, com destaque negativo para a construção civil. Apesar da desaceleração pontual, o mercado de trabalho segue robusto, com média trimestral acima do nível considerado neutro.
Na balança comercial, o superávit de julho atingiu US$ 7,1 bilhões, superando as projeções. O resultado foi impulsionado pelo aumento das exportações de milho e pela antecipação de embarques para os Estados Unidos, em função da vigência das novas tarifas.
No ambiente legislativo, as discussões retornam com propostas relevantes, como a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil e a reforma administrativa, temas que podem gerar impactos no ambiente fiscal e econômico.
Mercados e Temporada de Balanços
O Ibovespa encerrou a sexta-feira em queda de 0,45%, aos 135.913 pontos, com giro financeiro de R$ 25,4 bilhões. Apesar da realização no pregão final, o índice acumulou ganho de 2,6% na semana. O movimento foi fortemente influenciado pela temporada de resultados corporativos e pelo noticiário político.
Entre os destaques negativos, a Petrobras registrou forte queda após divulgar lucro líquido de R$ 26,65 bilhões no 2T25, valor sólido, porém acompanhado de dividendos abaixo das expectativas e da intenção de retomar a distribuição de GLP no varejo. As ações ON recuaram 7,95% e as PN caíram 6,15%, representando uma perda aproximada de R$ 32 bilhões em valor de mercado. A Rumo também apresentou desempenho negativo, com queda de cerca de 9,5%, mesmo após divulgar lucro líquido de R$ 333 milhões, refletindo preocupações do mercado com custos e perspectivas futuras. A Lojas Renner recuou 7,26%, apesar do lucro 28% superior ao mesmo período do ano anterior, em movimento de realização e ajuste de expectativas. A Magazine Luiza também foi penalizada, após reportar prejuízo de R$ 24,4 milhões no trimestre.
No campo positivo, a Braskem avançou 4,41%, impulsionada por expectativas de venda de ativos e ajustes em sua estratégia operacional. A Eletrobras, por sua vez, subiu mais de 3% nas ações ON e PN, após anunciar dividendos intermediários de R$ 4 bilhões. Petz e Vivara apresentaram reações positivas aos seus resultados e teleconferências, evidenciando perspectivas operacionais mais construtivas. A Cogna também encerrou em alta de 3,37%.
No câmbio, o dólar à vista subiu 0,25% na sexta-feira, a R$ 5,4361, interrompendo sequência de cinco quedas, mesmo com a tendência de baixa da moeda americana no exterior.
Nos Estados Unidos, as bolsas encerraram em alta, com o Nasdaq renovando recorde de fechamento. O Dow Jones avançou 0,47%, o S&P 500 subiu 0,78% e o Nasdaq ganhou 0,98%. Na semana, os ganhos acumulados foram de 1,35%, 2,43% e 3,87%, respectivamente. Os juros dos Treasuries registraram alta, refletindo ajustes nas expectativas para a política monetária do Federal Reserve, com aumento das apostas em um corte de juros em setembro.
Para a próxima semana, as atenções domésticas estarão voltadas para a divulgação do IPCA de julho e dos dados de atividade referentes a junho, incluindo vendas no varejo e volume de serviços. No exterior, os destaques serão os índices de inflação e as vendas no varejo nos Estados Unidos, além dos dados de preços e PIB da Zona do Euro.