
A semana trouxe novos sinais de desaceleração na economia brasileira, reforço da perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos e avanços diplomáticos relevantes no cenário geopolítico.
Cenário doméstico
O IBC-Br de junho recuou 0,06% m/m (s.a.), resultado alinhado às projeções (-0,1%) e em linha com a mediana de mercado (0%). Na comparação anual, o índice avançou 1,4%, mas mostrou desaceleração frente a maio (3,5%). O segundo trimestre de 2025 encerrou com alta de 0,3% frente ao trimestre anterior, reforçando sinais de perda de fôlego da atividade, sobretudo pela queda da agropecuária na margem. Ainda assim, o setor de serviços manteve crescimento positivo (+0,1% no mês; +1,8% no ano), sustentando parte do dinamismo.
Além disso, o IGP-10 desacelerou para 0,16% em agosto, abaixo das estimativas. Em 12 meses, a alta acumulada foi de 2,84%, ante 3,4% em julho, indicando moderação da inflação, com destaque para a deflação agrícola (-2,39%).
Na pesquisa Focus, o mercado ajustou as projeções de inflação para baixo (12° consecutiva): IPCA de 2025 passou de 5,05% para 4,95%. As projeções para Selic (15,00% em 2025) e câmbio (R$ 5,60 em 2025) permaneceram estáveis.
Cenário internacional
Nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, em discurso no simpósio de Jackson Hole, abriu espaço para um corte de juros em setembro. O tom foi mais brando, ainda que condicionado à evolução dos dados. A ata do FOMC (jul/25) mostrou maioria preocupada com pressões inflacionárias, mas os dados mais recentes do mercado de trabalho – com menor geração de vagas e aumento nos pedidos de seguro-desemprego – sustentam a mudança de tom.
Na China, o PBoC manteve inalteradas as taxas de referência (LPRs): 3,00% (1 ano) e 3,50% (5 anos), sinalizando prudência diante da necessidade de estímulos adicionais à atividade.
No campo geopolítico, destaque para o encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, primeiro em sete anos, em tom cordial, mas sem avanços concretos sobre a guerra na Ucrânia. Trump também manteve diálogos com Volodymyr Zelensky e líderes europeus, com especulação de uma reunião trilateral em Budapeste. O movimento diplomático trouxe alívio temporário aos mercados, refletido na queda do petróleo e na valorização das moedas emergentes.
Mercados financeiros
O Ibovespa avançou 1,2% na semana, impulsionado por forte alta na sexta-feira (+2,57%). Nos EUA, desempenho misto: Dow Jones +1,53%, S&P 500 +0,27%, Nasdaq −0,58%. O dólar recuou 0,97% no último pregão da semana.
Opinião
O cenário atual reforça a importância de os investidores acompanharem os sinais de inflexão do ciclo econômico, especialmente as indicações de cortes de juros projetados pelo mercado, tanto no Brasil quanto no exterior. A combinação de atividade em desaceleração, inflação em moderação e expectativa de afrouxamento monetário cria um ambiente mais favorável para ativos de risco. Nesse contexto, posições em renda variável tornam-se particularmente atrativas, sobretudo diante de uma temporada de balanços consistente, que tem evidenciado fundamentos sólidos de diversas companhias listadas.
Agenda econômica – 25 a 29 de agosto de 2025
- Segunda-feira (25/08): IPCA-15 (ago) – Brasil
- Quinta-feira (28/08): CAGED (jul) – Brasil | 2ª leitura do PIB 2T – EUA
- Sexta-feira (29/08): PNAD – desemprego (jul) – Brasil | Núcleo do PCE (jul) – EUA | Produção industrial e atividade manufatureira (ago) – China (à noite)
- Durante a semana: tramitação do PL 1087/25, que eleva a faixa de isenção do IR para R$ 5.000 e inclui tributação de dividendos