EUA retiram tarifas, Brasil desacelera e Fed freia expectativas de cortes: confira o que mexeu com os mercados na semana.

Os Estados Unidos anunciaram a retirada integral da tarifa adicional de 40% aplicada desde 13 de novembro sobre diversos produtos brasileiros, incluindo itens relevantes como café, carnes e frutas. A decisão resulta de avanços nas negociações bilaterais e maior demanda doméstica americana. 

Embora positiva para segmentos específicos, a medida tende a ter impacto macroeconômico limitado, já que as sobretaxas não vinham gerando distorções significativas nos fluxos comerciais recentes.

No campo da política monetária norte-americana, a combinação entre um mercado de trabalho mais resiliente e a comunicação cautelosa do Federal Reserve reduziu o espaço para novos cortes de juros neste ano. O payroll de setembro registrou criação de 119 mil vagas, acima das expectativas, enquanto a ata do FOMC reforçou a preferência da maioria dos dirigentes por manter a taxa básica estável após os cortes recentes. 

A leitura conjunta desses elementos diminui a probabilidade de flexibilização adicional no curto prazo, mantendo o debate condicionado à evolução da atividade e da inflação.

Cenário doméstico

No Brasil, o IBC-Br recuou 0,24% em setembro, reforçando os sinais de moderação da atividade no terceiro trimestre. O componente não agrícola caiu 0,4% na margem, enquanto o indicador agrícola avançou 1,5%, suavizando parte da perda do mês anterior. Apesar da alta de 2% na comparação anual, o dado corrobora um ritmo mais contido da economia, em linha com os resultados setoriais divulgados pelo IBGE para o período.

Mercados

A bolsa brasileira acompanhou o humor mais cauteloso e encerrou o primeiro pregão após o feriado em queda. O Ibovespa oscilou ao longo do dia, chegou a recuar mais de 1% no pior momento, mas fechou em baixa de 0,39%, aos 154.770 pontos, com volume de R$ 23,9 bilhões, em sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações. Na semana, acumulou perda de 1,88%, mesmo após o anúncio da retirada das tarifas por parte dos EUA. 

Entre as blue chips, Petrobras registrou queda, em linha com o recuo do petróleo diante da expectativa de avanço nas negociações de paz entre Ucrânia e Rússia, enquanto Vale apresentou leve alta, apesar da queda marginal do minério. 

No câmbio, o dólar à vista avançou 1,18%, a R$ 5,4015, acumulando valorização de 1,97% na semana. Nos Estados Unidos, as bolsas se recuperaram após o declínio da véspera, apoiadas por comunicação mais branda do Fed de Nova York, embora tenham encerrado a semana no campo negativo.

 

Agenda da semana

A agenda econômica da próxima semana será particularmente relevante no Brasil e nos Estados Unidos. 

No cenário doméstico, o foco recai sobre a divulgação do IPCA-15 de novembro, na quarta-feira (26/11), fundamental para calibrar as expectativas de inflação. 

Na quinta-feira (27/11), será publicado o Caged de outubro, com atualização do ritmo de criação de empregos formais, enquanto na sexta-feira (28/11) sai a taxa de desemprego da PNAD, que deve consolidar o diagnóstico do mercado de trabalho no trimestre. 

No ambiente externo, atenção voltada aos Estados Unidos, que divulgam na quarta-feira (26/11) a revisão do PIB do 3º trimestre e o PCE, indicador de inflação preferido do Fed — ambos centrais para definir o balanço de riscos da política monetária americana.

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