
Na semana passada, o cenário econômico do país foi impactado por novos desdobramentos nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Entrou em vigor a ordem executiva norte-americana que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, somando-se aos 10% já vigentes. No entanto, as exceções anunciadas para determinados setores ajudam a amenizar parte da pressão sobre o mercado brasileiro, trazendo algum alívio para segmentos estratégicos das exportações nacionais. Ainda assim, a medida reforça a cautela dos exportadores e mantém um ambiente de incerteza enquanto o governo segue negociando isenções e possíveis compensações econômicas.
No exterior, o PIB dos EUA cresceu 3,0% no segundo trimestre, superando as expectativas, mas já com sinais de moderação do consumo. O mercado de trabalho americano criou 73 mil postos em julho, número abaixo do esperado, e a inflação pelo PCE acumula 2,6% em 12 meses, ainda acima da meta do Fed. O Federal Reserve, por sua vez, manteve os juros em 4,25% – 4,50% e adotou um tom mais cauteloso, condicionando futuros cortes de juros à desaceleração mais clara da inflação e do emprego.
No Brasil, a taxa de desemprego caiu para 5,8% no segundo trimestre, menor patamar da série histórica, com destaque para o avanço do emprego formal e a alta dos salários reais. Apesar disso, os índices de confiança da FGV recuaram em todos os setores em julho, evidenciando maior cautela de empresários e consumidores. O Copom manteve a Selic em 15% ao ano, sinalizando uma postura hawkish e sem indicar cortes no curto prazo. Ainda assim, é importante ressaltar que, apesar do patamar elevado da Selic atualmente, o cenário prospectivo aponta para manutenção e, posteriormente, redução da taxa básica de juros, justificando um olhar atento para estratégias prefixadas.
Neste contexto, reforçamos a atratividade das estratégias de renda fixa prefixada, que historicamente tendem a se beneficiar em ambientes de queda de juros. Em ciclos anteriores de afrouxamento monetário, títulos prefixados como o IRF-M apresentaram desempenho superior ao CDI, ampliando o potencial de retorno das carteiras para o investidor que antecipa esses movimentos.
Destacamos também o potencial da classe de fundos imobiliários, representada pelo IFIX. Nosso estudo mostra que movimentos de queda na taxa real de juros funcionam como gatilhos relevantes para a valorização dos fundos imobiliários, devido ao spread médio entre o rendimento de dividendos do IFIX e a taxa real da NTN-B, parâmetro amplamente utilizado pelo mercado. Simulações indicam que, caso a taxa real de juros venha a convergir para níveis próximos à média histórica, o IFIX pode registrar valorização total entre 20% e 27%. Esse racional é sustentado por análises de regressão que apontam uma correlação significativa entre a dinâmica das taxas reais e o movimento das cotas, tornando os fundos imobiliários especialmente atrativos em ciclos de flexibilização monetária.
Diante desse ambiente, seguimos atentos tanto aos desdobramentos da política monetária global quanto às negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, fatores essenciais para balizar as decisões de investimento e a gestão de riscos nas carteiras dos nossos cooperados. Além disso, ressaltamos que a possível mudança de ciclo da política monetária no Brasil deve permanecer no radar dos investidores, dada sua relevância para o reposicionamento das estratégias de alocação nos próximos meses.