
Com uma semana marcada por menos eventos econômicos relevantes, os holofotes se voltaram novamente para a guerra comercial entre Estados Unidos e China. A sinalização de uma possível trégua, com aumento das chances de um acordo entre os dois países, animou os investidores e trouxe fôlego aos mercados globais.
As tarifas implementadas pelo governo norte-americano visam reduzir a competitividade dos produtos chineses nos Estados Unidos. No entanto, se a demanda por esses produtos continuar, a inflação poderá ser pressionada — o que exigiria novos aumentos nos juros. No médio e no longo prazo, há também o risco de uma reorganização de cadeias produtivas e até da interrupção de relações comerciais em alguns setores, o que pode comprometer o crescimento do comércio global.
É nesse ponto que o mercado se encontra: diante da possibilidade de acordo, as perspectivas de lucros das empresas melhoram, assim como a expectativa de uma menor fragmentação política. Como reflexo, os juros norte-americanos caíram em todos os vencimentos.
No Brasil, os juros futuros acompanharam o movimento internacional e também recuaram em todos os prazos. O dólar, por sua vez, perdeu força globalmente, caindo frente a diversas moedas, inclusive o real — encerrando a semana anterior cotado a R$ 5,86.
Apesar do alívio, os riscos continuam no radar. A trégua comercial tem prazo de 90 dias e pode ser revertida, o que traria novos impactos ao comércio e aos mercados financeiros. Esse cenário ainda mantém uma certa cautela, especialmente no mercado acionário dos Estados Unidos.
Diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica no Brasil — em parte devido aos juros elevados e à influência do cenário externo —, os títulos públicos atrelados à inflação de curto prazo (até 5 anos) se mostram atrativos, oferecendo bom retorno com menor volatilidade em comparação aos papéis de longo prazo.
Nos próximos dias, o foco estará nos dados econômicos globais. Serão divulgados os índices PMI (indicadores de atividade econômica) no Japão, nos Estados Unidos e na Zona do Euro. Além disso, teremos o IPCA-15 no Brasil e dados de inflação no Japão.