Inflação e cessar fogo: mercados animados com novas perspectivas

A semana passada começou com forte tensão geopolítica: os EUA confirmaram ataques a instalações nucleares no Irã, gerando ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, principal rota do petróleo mundial. A escalada fez subir os preços da commodity, mas o clima mudou com o anúncio de um cessar‑fogo entre Irã e Israel, anunciado por Donald Trump na terça‑feira (24), causando alívio nos mercados. O presidente americano ainda ofereceu a possibilidade de negociação com Teerã sobre o programa nuclear e voltou a defender cortes de juros e substituição do presidente do Fed, Jerome Powell, por uma postura mais “dovish” (favorável ao afrouxamento monetário).

Nos Estados Unidos, o PIB do 1º trimestre caiu 0,5%, a primeira contração desde 2022, impactado pelos estoques e pela queda nos gastos públicos. Em maio, os gastos dos consumidores recuaram 0,1%, em linha com as preocupações do Fed sobre enfraquecimento do consumo.

O PCE (inflação preferida do Federal Reserve) de maio subiu apenas 0,1% mensal e 2,3% acumulado em 12 meses, sinalizando controle moderado da inflação; dados que ajudaram a sustentar os mercados financeiros esta semana, incluindo futuros de ações estáveis e com leve tendência de alta na sexta-feira, impulsionados pelo panorama de possível início de cortes de juros ainda este ano.

Juros Futuros EUA

Trump declarou que deseja uma taxa de juros de 1% nos EUA e disse que “adoraria que Powell renunciasse”, reforçando o debate político sobre o controle do Federal Reserve pelo governo americano que assume em 2026.

A China recebeu um alívio moderado no mercado após o anúncio de um acordo com os EUA que prevê troca: exportação de terras raras em troca de etano americano.

Na zona do euro, os dados de inflação da França e da Espanha vieram abaixo do esperado, facilitando o debate dos bancos centrais.

No mercado acionário global, os EUA se destacaram com ganhos impulsionados pela expectativa de cortes de juros; o setor de tecnologia, liderado por empresas como Nvidia, continuou em alta.

Ações

No ambiente doméstico, após o Congresso derrubar decreto presidencial que elevava o IOF, o presidente Lula decidiu recorrer ao STF, alegando que a medida do Legislativo foi inconstitucional e violou prerrogativa do Executivo, sem compensações orçamentárias claras. A AGU prepara a argumentação para embasar a ação judicial, que acendeu novo capítulo na tensão entre Executivo e Legislativo, e pode também servir como instrumento de pressão para negociação futura com o Congresso. 

A ata do Copom, além de reforçar questões como a importância do controle fiscal, destacou que a atividade econômica surpreendeu positivamente, o que foi ilustrado pela divulgação da taxa de desemprego em 6,2% — o menor nível desde o fim de 2023. Esses sinais de aquecimento na economia e no mercado de trabalho podem reduzir o espaço para cortes de juros no curto prazo, pressionando o Banco Central a manter a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo.

Juros futuros BR

O dólar recuou, chegando a R$ 5,4831 (-0,28%), em meio ao alívio externo (data de inflação americana, expectativa de Corte no Fed) e local (mercado de trabalho robusto).

Moedas

A semana foi marcada por alívio geopolítico global, com o acordo entre Irã e Israel e trégua nos negócios entre EUA e China, o que derrubou o preço do petróleo e turbinou bolsas. Nos EUA, a primeira contração do PIB desde 2022, aliada à inflação controlada (PCE em 2,3%) e cenário político que pressiona o Fed, redireciona mercados para expectativa de cortes de juros.

Na Europa, inflação em queda traz algum espaço para os bancos centrais, mas incertezas políticas persistem. Já no Brasil, o pano de fundo é a tensão fiscal e legislativa (judicialização do IOF, atraso em reformas), equilibrada por indicadores de emprego sólidos e inflação moderada, que sustentam o real e estabilizam a bolsa.

Nesta semana teremos vagas de emprego no Brasil e EUA, além da inflação na Europa e Balança Comercial brasileira.

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