Inflação surpreende positivamente e mercados reagem com otimismo no Brasil e nos EUA.

A semana foi marcada pela divulgação dos índices de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, que vieram abaixo das expectativas e reforçaram a leitura de desinflação gradual nas duas economias. 

O movimento trouxe alívio aos mercados e sustentou o bom desempenho dos ativos de risco, em meio à perspectiva de continuidade do ciclo de cortes de juros no exterior e da possibilidade de início de cortes no Brasil.

No cenário doméstico, o IPCA-15 — prévia da inflação oficial — avançou 0,18% em outubro, abaixo da projeção do mercado de 0,25% e mostrando forte desaceleração em relação aos 0,48% registrados em setembro. No acumulado de 12 meses, o índice ficou em 4,94%, menor que os 5,32% observados anteriormente, enquanto no ano acumula alta de 3,94%. 

As principais pressões altistas vieram dos grupos Despesas Pessoais (+0,45%), Vestuário (+0,42%) e Transportes (+0,41%), enquanto Alimentação e Bebidas recuaram pelo quinto mês consecutivo (-0,02%), contribuindo para o arrefecimento do indicador. O resultado reforça o processo de desinflação em curso e faz com que algumas casas já passem a projetar IPCA em torno de 4,5% ao final de 2025, dentro da banda de tolerância da meta. Esse contexto reforça a possibilidade da diminuição do tom contracionista por parte do Banco Central brasileiro em suas comunicações.

Cenário norte-americano: moderação inflacionária se mantém

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,3% em setembro, abaixo da expectativa de 0,4%, acumulando alta de 3,0% em 12 meses. O núcleo da inflação (excluindo alimentos e energia) também registrou 0,2% no mês e 3,0% no ano, ligeiramente abaixo das projeções. Entre os componentes, destaque para a alta de 4,1% na gasolina e avanço de 3,6% no item “shelter” (moradia), que segue em desaceleração. 

Os dados confirmam a tendência de moderação inflacionária e fortalecem a expectativa de que o Federal Reserve entregue pelo menos mais dois cortes de 0,25 bps em 2025. O resultado trouxe alívio aos Treasuries e impulsionou o apetite por risco nos mercados globais.

Ibovespa em alta

No mercado financeiro, o Ibovespa encerrou o pregão da sexta-feira em alta de 0,31%, aos 146.172 pontos, retomando o patamar dos 146 mil com apoio do cenário de inflação abaixo do esperado no Brasil e nos Estados Unidos. No acumulado da semana, o índice avançou 1,93%, sustentado pelo bom humor externo e pela perspectiva de manutenção do ciclo de queda de juros no exterior. 

O dólar comercial teve leve alta de 0,11% no dia, encerrando cotado a R$ 5,392, mas ainda acumulou queda de 0,25% na semana, refletindo maior apetite por risco e entrada de fluxo estrangeiro na bolsa brasileira.

O conjunto de dados reforça o ambiente favorável para a recomposição de risco nas carteiras, com oportunidades em renda fixa longa e ações ligadas ao consumo doméstico, que tendem a se beneficiar da combinação de juros menores à frente. O cenário global segue ancorado na expectativa de política monetária mais branda nos EUA.

Agenda Econômica – Semana de 27 a 31 de outubro de 2025

A última semana de outubro será marcada por importantes decisões de política monetária e pela divulgação de indicadores de emprego no Brasil.

Na quarta-feira (29), todas as atenções estarão voltadas para a decisão de política monetária do Federal Reserve (FOMC), nos Estados Unidos. O mercado espera que o banco central americano dê início ao ciclo de afrouxamento monetário, com um corte de 25 pontos-base, reduzindo o intervalo de juros para entre 4,00% e 3,75% ao ano. A decisão será acompanhada de perto por investidores globais, que buscam sinais sobre o ritmo e a extensão dos próximos ajustes.

Na quinta-feira (30), o destaque internacional será a reunião do Banco Central Europeu (BCE), que deve manter a taxa básica em 2,00%, reforçando o tom de cautela diante da desaceleração econômica na região. No cenário doméstico, o foco recai sobre a divulgação do CAGED, que trará os números de emprego formal referentes a setembro, oferecendo uma leitura atualizada sobre a dinâmica do mercado de trabalho brasileiro.

Encerrando a semana, na sexta-feira (31), será publicada a PNAD Contínua, com a taxa de desemprego referente ao trimestre encerrado em setembro. O indicador será acompanhado de perto como termômetro do mercado de trabalho e do ritmo de recuperação da renda das famílias.

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