
Na última semana, os dados econômicos divulgados reforçaram um cenário de desaceleração gradual da inflação, com atividade resiliente no exterior e sinais mistos de confiança no ambiente doméstico. Em um contexto de liquidez reduzida e agenda política esvaziada pelo recesso parlamentar, os indicadores contribuíram para ajustar as expectativas para o início de 2026, tanto no Brasil quanto no exterior.
Cenário doméstico
No Brasil, o principal destaque foi a divulgação do IPCA-15 de dezembro, que registrou alta de 0,25%, em linha com as expectativas de mercado. Com esse resultado, o indicador encerrou 2025 com variação acumulada de 4,4% em 12 meses, levemente inferior ao observado no mês anterior.
A composição do índice trouxe surpresas baixistas em itens ligados a passagens aéreas e hospedagem, enquanto o grupo vestuário apresentou leitura acima do esperado. De forma geral, os componentes com maior poder de repasse para o IPCA cheio vieram comportados, reforçando a percepção de arrefecimento gradual das pressões inflacionárias no curto prazo.
Os indicadores de confiança apresentaram sinais divergentes. O Índice de Confiança do Consumidor avançou pelo quarto mês consecutivo, alcançando 90,2 pontos, o maior nível em um ano, sustentado principalmente pela melhora das expectativas. Em contrapartida, a avaliação da situação atual recuou, sugerindo que a recuperação da confiança ainda ocorre de forma cautelosa e gradual, em um ambiente de custos elevados e condições financeiras restritivas.
Cenário internacional
Os dados da economia norte-americana reforçaram a leitura de atividade econômica resiliente. O crescimento do PIB dos Estados Unidos no terceiro trimestre foi revisado para 4,3% em termos anualizados, acima das estimativas anteriores, evidenciando um ritmo de expansão mais forte do que o inicialmente projetado, mesmo em um contexto de política monetária restritiva.
Em paralelo, os dados de inflação mostraram alguma aceleração. A inflação ao consumidor medida pelo PCE avançou a um ritmo anualizado de 2,8% no terceiro trimestre, indicando maior persistência das pressões inflacionárias subjacentes. Embora os níveis permaneçam relativamente próximos da meta de longo prazo, o dado reforça uma postura mais cautelosa do Federal Reserve, sobretudo diante de uma economia ainda aquecida, o que pode influenciar o ritmo e o momento dos próximos ajustes na taxa de juros.
Mercados
No mercado financeiro, o Ibovespa apresentou desempenho positivo ao longo da semana passada, apesar da liquidez reduzida e do aumento da sensibilidade ao noticiário político. O índice encerrou o período com alta de 1,53%, sustentado principalmente pelo desempenho das commodities, com destaque para ações ligadas ao petróleo e ao minério de ferro.
O dólar à vista também avançou na semana, refletindo a demanda sazonal por remessas de fim de ano, embora a atuação do Banco Central tenha limitado movimentos mais intensos. No exterior, as bolsas norte-americanas encerraram a semana com ganhos moderados, após recentes recordes, enquanto os juros dos Treasuries oscilaram sem direção definida.
Agenda econômica
No Brasil, o destaque fica para a divulgação do IGP-M de dezembro, além dos dados de mercado de trabalho, com a taxa de desemprego e os números do CAGED, que ajudam a avaliar a dinâmica da atividade no fim de 2025.
Nos Estados Unidos, a atenção se volta para a ata da última reunião do FOMC e para o PMI Industrial, indicadores relevantes para calibrar as expectativas sobre a condução da política monetária e o ritmo da atividade no início de 2026.










