IPCA confirma continuidade no processo de desinflação

O IPCA de setembro avançou 0,48%, abaixo da mediana das projeções do mercado (+0,52%) e em linha com a prévia. No acumulado de 12 meses, o índice ficou em 5,17%, mantendo a tendência de desinflação gradual observada desde o início do ano.

A alta do mês concentrou-se em Habitação (+2,9%), impactada pelo reajuste das tarifas de energia e pela devolução do bônus de Itaipu. Em contrapartida, três grupos registraram variação negativa: Artigos de residência (-0,30%), Alimentação (-0,26%) e Comunicação (-0,17%), sinalizando perda de força em bens e itens sensíveis à renda das famílias.

Núcleos de inflação estáveis em 0,18%

 Os indicadores de tendência reforçam a leitura de alívio: os núcleos de inflação ficaram estáveis em 0,18%, e o índice de difusão recuou para 52,5%, evidenciando desinflação mais ampla e consistente. Além disso, os serviços intensivos em trabalho desaceleraram de 0,50% para 0,35%, um primeiro sinal de moderação da demanda.

 O balanço de riscos para o IPCA permanece favorável, com maior probabilidade de surpresas positivas (inflação abaixo do esperado), sustentado pelo comportamento benigno dos alimentos e pela estabilidade dos preços de bens industriais e combustíveis. A principal fonte de atenção segue sendo o setor elétrico, diante do quadro hidrológico ainda desafiador.

Com isso, o resultado de setembro reforça o avanço do processo de desinflação e pode levar o Banco Central a atenuar gradualmente o discurso de necessidade de manter a Selic elevada por período prolongado.

Embora o cenário ainda exija cautela — especialmente diante da persistência dos serviços e das incertezas fiscais —, a sequência de leituras mais benignas reduz a urgência de um tom tão restritivo, abrindo espaço para uma postura de vigilância menos dura nas próximas comunicações.

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