
O IPCA registrou deflação de −0,11% em agosto, resultado pior que o consenso de mercado (−0,15%), levando a inflação acumulada em 12 meses para 5,13%, em linha com as expectativas. O recuo foi explicado principalmente pelo grupo de habitação (−0,9%), com queda de 4,2% na energia elétrica após o bônus da Usina de Itaipu, além de retração em alimentação no domicílio (−0,5%) e transportes (−0,3%).
Apesar do alívio na inflação total, o dado mostrou piora do ponto de vista qualitativo. Os núcleos seguem pressionados: serviços avançaram 0,5% no mês, acumulando 6,1% em termos anualizados (SAAR 3m), refletindo um mercado de trabalho aquecido e pressões persistentes em saúde e cuidados pessoais. Essa divergência reforça que a trajetória de desinflação ainda apresenta fragilidades.
Do lado positivo, preços no atacado e indicadores antecedentes apontam para descompressão futura. A política monetária restritiva e a demanda doméstica mais fraca devem continuar atuando para conter pressões, e a valorização do real — cerca de 13% no ano — segue mitigando a inflação importada.
Em síntese, o resultado de agosto foi benigno no índice cheio, mas qualitativamente pior, reforçando o desafio dos núcleos de serviços.