
O IPCA de outubro registrou alta de apenas 0,09%, bem abaixo das projeções de mercado, que apontavam cerca de 0,16%, e muito distante da variação de 0,48% observada em setembro. O resultado representa a menor taxa para o mês desde 1998 e confirma a tendência de desaceleração da inflação no Brasil.
Com esse desempenho, o índice acumulou alta de 3,73% no ano e de 4,68% em 12 meses, ante 5,17% no período anterior — o menor patamar em nove meses. A leitura foi influenciada principalmente pela redução de 2,39% nos custos de energia elétrica residencial, resultado da mudança de bandeira tarifária, e pela deflação de 0,16% na alimentação no domicílio, com destaque para o recuo nos preços de arroz (-2,49%) e leite (-1,88%).
Três dos nove grupos que compõem o índice apresentaram deflação: Habitação (-0,30%), Artigos de residência (-0,34%) e Comunicação (-0,16%). Entre os grupos com alta, Transportes (+0,35%) e Saúde e cuidados pessoais (+0,31%) tiveram impacto limitado sobre o resultado geral.
O dado reforça a percepção de que a inflação segue em trajetória de convergência para a meta, sustentada pela estabilidade cambial e pela moderação dos custos de produção. Nesse contexto, a atual taxa Selic — mantida em 15% — parece excessivamente contracionista diante da nova dinâmica de preços, o que deverá se refletir nas próximas revisões das projeções econômicas e nas expectativas de mercado captadas pelo Relatório Focus.
Em suma, o resultado de outubro abre espaço para um debate mais intenso sobre o timing de início do ciclo de cortes de juros. Ainda que persistam incertezas fiscais, o quadro atual sugere que “as desculpas” para a manutenção prolongada de uma política monetária tão restritiva começam a se esgotar, abrindo caminho para um ajuste gradual da Selic a partir de 2026.
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