Riscos geopolíticos e decisões de política monetária

A semana de 16 a 20 de junho de 2025 foi marcada por uma combinação intensa de fatores que pressionaram os mercados globais: a escalada no conflito entre Israel e Irã, decisões de política monetária em economias centrais e o início de um novo ciclo de alta de juros no Brasil. Cenário que fez com que as bolsas tivessem resultados mistos.

Conflito no Oriente Médio: Risco Geopolítico em Alta

O conflito entre Israel e Irã dominou o noticiário internacional e gerou forte volatilidade nos mercados. Os ataques, que já resultaram em centenas de vítimas civis e militares, elevaram a aversão ao risco. As declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adicionaram mais incerteza. No início da semana, Trump sinalizou esperança em um possível acordo entre as partes, mas nos dias seguintes endureceu o tom, pedindo a evacuação de Teerã e reforçando o envio de tropas norte-americanas para a região.

Na sexta-feira, a Casa Branca confirmou que uma decisão sobre um possível ataque militar ao Irã será tomada nas próximas semanas, embora autoridades de ambos os lados mantenham diálogo aberto. As reuniões entre líderes iranianos e europeus em Genebra ainda alimentam alguma expectativa por uma solução diplomática.

Decisões de Política Monetária: O Peso dos Bancos Centrais

Além da tensão geopolítica, a semana foi decisiva em termos de política monetária. O Federal Reserve manteve sua taxa básica entre 4,25% e 4,50%, mas o mercado permanece atento a eventuais sinais de cortes nos próximos meses, diante da desaceleração da inflação nos Estados Unidos.

Cenário que fez com que a expectativa de juros futuros caísse em todos os vencimentos.

Na Europa, o Banco da Inglaterra também optou por manter os juros em 4,25%, mas indicou que um ciclo de cortes pode estar próximo, sobretudo após os fracos dados de vendas no varejo, que registraram queda de 2,7% em maio.

Na Ásia, o Banco do Japão manteve os juros em 0,5%, mas anunciou que começará a reduzir suas compras de ativos a partir de abril de 2026.

Já no Brasil, o Copom surpreendeu ao elevar a Selic para 15% ao ano. A sinalização, no entanto, foi de que este pode ter sido o movimento final do ciclo de alta, com o Banco Central destacando que os juros permanecerão elevados por um período prolongado. Fazendo com que os juros futuros subissem no curto, enquanto no longo é esperado queda.

Além de fortalecimento do Real frente às principais moedas globais.

Dados Econômicos: Brasil e Mundo em Ritmo de Ajuste

Do lado dos indicadores, os dados da China mostraram fôlego: as vendas no varejo cresceram 6,4% em maio, enquanto a produção industrial avançou 5,8%, superando as expectativas. Nos Estados Unidos, a atenção se voltou para os números de produção industrial e as vendas no varejo, além da espera pelo PIB do primeiro trimestre, que será divulgado na próxima semana.

No Brasil, o IBC-Br indicou desaceleração da atividade em abril. Além disso, o governo arrecadou quase R$ 1 bilhão no leilão de áreas de petróleo da ANP. A agenda interna segue dominada pelas discussões fiscais, com o Congresso votando projetos para derrubar o aumento do IOF e o Executivo buscando novas medidas compensatórias.

Nesta semana o foco do mercado estará na divulgação da ata do Copom e no IPCA-15 de junho, além dos dados de emprego no Brasil (PNAD Contínua e Caged). No cenário externo, destaque para as sabatinas do presidente do Fed e para o resultado do PIB dos Estados Unidos no primeiro trimestre.

Com os mercados globais ainda sob o impacto das tensões no Oriente Médio e os bancos centrais sinalizando cautela, a expectativa é de que a volatilidade continue sendo a tônica nas próximas sessões.



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